Meu Menino Jesus:
É a primeira vez que te
escrevemos, por isso desculpa-nos o atrevimento. Sabemos que agora se escreve ao
Pai Natal, que era um bispo turco, que se chamava Nicolau, senhor de barbas,
risonho, simpático e bonacheirão. É rico e bem-sucedido, tem uma grande fábrica
de brinquedos, com um complexo e organizado sistema de transportes e, por isso,
fica melhor ao espírito de querer tudo de hoje.
Mas, neste ano de memória e
identidade, dirigimo-nos a Ti porque era ao menino da manjedoura e quase
despido, que os nossos avós dirigiam os pedidos, apesar da mão cheia de nada
que recebiam em criança.
O Natal parecia durar tanto
tempo e era muito feliz. Todos se juntavam na casa dos avós e todos, mesmo
todos, faziam uma grande festa… eram primos, tios, irmãos, todos misturados, riam
e brincavam… Os garotos cá fora a correr, nem sentiam o frio! Apenas as caras
coradas e o nariz vermelho!
As mulheres todas
atrapalhadas a preparar as rabanadas, as bolas e os doces de chila, os bolos de
bacalhau, os figos secos, as amêndoas e as nozes, aos sabores e os cheiros
misturados, que sempre nos faziam água na boca…
Os homens que já tinham ido
buscar os troncos para a fogueira do adro, conversavam com grandes gargalhadas
junto à lareira…
E quando o relógio avançava, jogavam
ao rapa, ao par e ao pernão e sempre ganhavam rebuçados que era uma boa prenda.
As outras prendas se havia eram muito pequeninas, não como agora, mas eram mais
sentidas, mais queridas, como uns sapatos que tinham de durar até ao Natal do
próximo ano! Agora as exigências são outras! Nós queremos, queremos e tudo nos
dão!
E a missa do galo à espera na
escuridão da noite, ninguém se queixava do frio ou do cansaço… todos cantavam e
beijavam o Menino com uma emoção tão grande que nem cabe aqui neste pequeno
texto.
No presépio da Igreja e à Tua
volta construíam um mundo que tinha um tapete de musgo e era perfeito de
simplicidade, ternura e harmonia. A simples cabaninha do Menino Deus e Salvador
reinava sobre um mundo perfeito de pastores e ovelhas, iluminado pela
grandiosidade da estrela de Natal.
Fazemos-te um pedido: ajuda-nos
a conservar as coisas boas que temos, como, o espírito de comunidade, para termos
sempre alguém ao pé de nós na alegria e na tristeza, e sermos uma grande
família.
Não esqueças também o
habitual: a saúde, a paz e a prosperidade para todos.
Feliz Natal com memória e
identidade!
Mensagem de Natal do 3.º E
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